A Drenagem Linfática Manual é um dos tratamentos mais realizados e procurados na estética, para entender sobre ele, alguns conceitos são importantes.
Sistema Cardiovascular:
A nova classificação engloba o sistema sanguíneo e linfático junto do sistema cardiovascular.
É super importante estabelecer a relação entre o sistema linfático e sanguíneo, pois o sistema linfático é um sistema acessório ao sistema circulatório sanguíneo; a linfa provem do excesso de líquido intersticial, que é filtrado do plasma sanguíneo; o sistema linfático drena e retorna os líquidos intersticiais de volta para a corrente sanguínea; o sangue transporta linfócitos e anticorpos, que está associado a função do sistema linfático. Então existe muita relação entre eles.
Componentes do sistema sanguíneo:
- Sangue: parte líquida
- Coração
- Vasos: artérias, capilares e veias
Circulação sanguínea:
- Grande circulação ou sistêmica: Sangue sai do coração, pela artéria, rico em Oxigênio, vai para organismo e retorna, pela veia, rica em Gás Carbônico.
- Pequena circulação: Sangue sai do coração, rico em Gás Carbônico, vai para o pulmão e retorna ao coração, rico em Oxigênio.
Os fluídos mudam de nome conforme o local onde está:
- Vasos = Plasma
- Célula = Hialoplasma
- Interstício = Líquido intersticial
- Sistema linfático = Linfa
Microcirculação:
É definida como uma rede de pequenos vasos (arteríolas, capilares e vênulas) com diâmetro inferior a 100 micrometros. Tem a função vital de fornecer oxigênio e outros substratos essenciais às células e também remover os seus produtos do metabolismo celular.
No capilar ocorre a saída do plasma para interstício o qual irá para as células. 90% do líquido que sai dos capilares são reabsorvidos, mas 10% não, ficam no interstício. São esses 10% que são recolhidos pelos capilares linfáticos.
Sistema Linfático
O Sistema Linfático inicia-se no interstício e termina na junção da veia Jugular com a Subclávia direita e esquerda. Pode-se dizer que a circulação linfática se inicia nos capilares linfáticos.
Possui como função:
- Drenar líquido que está acumulado no espaço intersticial
- Fazer retornar a corrente sanguínea substâncias vitais, como proteínas que escapam dos capilares
- Participação no sistema de defesa e imunidade do organismo
- Transporte de gorduras do trato digestório para o sangue. Em uma região no intestino delgado, essa linfa é chamada de quilo, pois possui mais lipídios e é mais leitosa.
Por não possuir uma bomba central propulsora, como o coração, o fluxo da linfa é lento. No sistema sanguíneo 80% do sangue circula em veias e artérias profundas. Já no sistema linfático, apenas 20% circulam em vias profundas e 80% circula superficialmente. Logo a maior parte do sistema linfático encontra-se na derme, por isso a DLM não utiliza força e os movimentos são lentos para acompanhar a linfa.
Efeito da DLM nos:
- Capilares – Formação da linfa, captação do líquido intersticial e entrada desse líquido nos capilares.
- Vasos coletores – Auxilia na mobilização do líquido intersticial no interior dos vasos linfáticos.
- Linfangions – Aumenta a motricidade dos linfangions.
Trajeto da linfa:
O trajeto começa com os capilares linfáticos no interstício, captando o líquido intersticial. Depois a linfa vai para os vasos linfáticos, pré coletores. Em seguida para tronco linfático e desemboca nos ductos linfáticos, na circulação sanguínea.
Nesse percurso os linfonodos irão filtrar a linfa, para que ela seja levada mais limpa para o sistema sanguíneo.
Capilares linfáticos:
São muito finos, nascem no interstício e tem fundo cego. O líquido consegue entrar nos capilares através dos filamentos de ancoragem, as bordas endoteliais dobram para dentro e a linfa entra, além das micromoléculas, proteínas e eletrólitos.
Diferenciam-se das veias porque a sua parede apresenta maior permeabilidade, o que permite a drenagem de substâncias que não conseguem entrar no capilar venoso. Não possui válvulas no interior dos vasos, seu diâmetro é maior que os capilares sanguíneos, por isso conseguem recuperar substâncias maiores.
- Capilares linfáticos ou linfáticos iniciais: Impedem que os frágeis capilares venham a se colabar e se danificar com a pressão do líquido intersticial. Tracionam as fendas intercelulares ou portas linfáticas para que o líquido consiga entrar nos capilares.
- Vasos pré-coletores: Faz ligação entre os capilares e os vasos coletores, transportam linfa, em alguns trechos desempenham a função de captar o líquido intersticial, apresentam válvulas e direcionam a linfa aos vasos coletores.
- Vasos coletores: São vasos de transporte da linfa e apresentam maior calibre que os capilares e os pré coletores.
Troncos Linfáticos:
São grandes vasos linfáticos que recebem a linfa dos vasos coletores e drenam regiões amplas do organismo. Os troncos formam dois ductos: Ducto torácico e Ducto linfático direito. Constituem o trajeto final da linfa, onde finalmente será para o sistema sanguíneo.
- Ducto Linfático Direito – Drena quadrante superior direito.
- Ducto Torácico – Drena todo o resto do corpo. Depois de passar pelos Ductos a linfa vai para os terminus e chega no sistema circulatório.
A linfa desemboca na base do pescoço, no Ângulo Venoso, na junção da veia Jugular e Subclávia esquerda e direita, nas duas laterais, em regiões chamadas de terminus ou fossa supraclavicular menor.
Linfonodos:
São estruturas linfáticas espalhadas em todo o trajeto do sistema linfático. O ser humano apresenta em média 500 a 700 linfonodos espalhados em todo corpo. Podem ser redondos ou ovalados e seu formato é descrito como feijão ou rim.
Geralmente se dispõe agrupados, cadeias ganglionares, mas podem se dispor de forma mais isolada.
Apresenta células de defesa como macrófagos e linfócitos.
Suas principais funções:
- Filtrar a linfa
- Neutralizar e destruir corpos estranhos, substâncias patogênicas, bactérias e restos celulares
A linfa entra pelos vasos aferentes, no linfonodo, e sai pelos vasos eferentes. A capsula fibrosa reveste o linfonodo externamente. O córtex fica situado na região periférica e o hilo é uma invaginação por onde sai os vasos eferentes.
Íngua é quando o linfonodo está aumentado, podendo sinalizar alguma inflamação no organismo e as células de defesa estão se multiplicando (mitose) para conter a inflamação e os corpos estranhos. Muito comum na região cervical e inguinal.
Cisterna de Quilo ou Pecquet:
É a estrutura abdominal que apresenta uma dilatação situada anteriormente a segunda vértebra lombar, onde desembocam os vasos que recolhem o quilo intestinal. Algumas correntes da DLM, ainda estimulam a cisterna do quilo (Foldi), outras não (Vodder), pois foi percebido através dos cadáveres que cerca de 50% não possuíam a cisterna do quilo. Por esse motivo foi deixado de lado, além da própria respiração estimular essa região e por causa da profundidade.
O Quilo Intestinal é a linfa mais leitosa (esbranquiçada) no trato gastrointestinal, que possui lipídeos, é leitosa por causa da emulsificação dos lipídios (gordura).
As Placas de Peyer são agregados de nódulos linfáticos que constituem um componente principal do tecido linfático associado ao intestino e são particularmente grandes no íleo, onde se encontram principalmente na parte do intestino oposta ao mesentério.
Linfa:
É um líquido incolor e viscoso com composição semelhante à do plasma sanguíneo (porém sem hemácias). Recebe o nome de linfa após sua entrada nos capilares linfáticos. É formada por água, eletrólitos, células de defesa, proteínas que escapam do sangue pelos capilares. A composição e coloração da linfa pode variar a depender da região do corpo que ela atravessa. Adquire coloração esbranquiçada na região abdominal devido a emulsificação das gorduras absorvidas no intestino.
Mecanismos que ajudam a impulsionar a linfa dentro dos vasos:
- Motricidade dos linfangion
- Pulsação das artérias vizinhas
- Contração dos músculos esqueléticos durante movimento
- Movimento respiratório
Drenagem Linfática Manual
O sistema linfático drena em média 2 a 3 litros de linfa por dia. E são realizados de 6 a 8 bombeamento por minuto dos linfangions.
Vodder e sua esposa são os grandes criadores da DLM, Vodder é conhecido como pai da DLM. Atualmente utilizamos o termo linfonodos, antigamente falava-se gânglios. Em 74 Vodder rompeu com Asdonk, por não aceitar as mudanças propostas e Leduc era assistente de Vodder. Após Vodder, muitos estudos e manobras foram incorporadas, porém a drenagem deve seguir os componentes básicos.
Bases da Drenagem linfática manual que devem ser respeitadas:
- Pressão: Leve, a maioria dos vasos linfáticos são superficiais. De 15 a 30mmHg. Não existe DLM profunda, o linfonodo é superficial.
- Direção: Antigravitacional.
- Movimento: Proximal – distal.
- Ritmo: Lento, em média um ritmo de 1 segundo por manobra.
Manobras muito firmes e vigorosas podem lesar os filamentos de ancoragem e colabar os capilares, por isso a importância da DLM ser feita corretamente.
Variações da Drenagem linfática manual aceitas:
- Deslizamento: Pode ser feito com ou sem.
- Veículo: Pode usar (creme, por exemplo), ou não. Vale lembrar que sem o veículo, ocorrera um empurre tangencional, havendo melhor deslocamento da linfa. O líquido costuma voltar com 24 a 72horas.
- Estimulo da Cisterna do Quilo: Pode ser feito ou não.
- Estimulo dos Terminus: Pode ser feito ou não. O estímulo é feito na região da ‘saboneteira’ (fossa supraclavicular maior) com pressão e descompressão.
- Estimulo dos Linfonodos Poplíteo: Pode ser feito ou não.
- Estimulo dos Linfonodos da Fossa Cubital: Pode ser feito ou não.
- Há linhas que defende que:
- Não estimula a região dos términos, agora estimula na “saboneteira” com pressão e descompressão. Poplítea não estimula mais, cotovelo também não estimula mais. Estudos mostram que temos 3 cadeias ganglionares acessíveis: axilares, cervical e inguinais.
- Quando realizamos a DLM estimulamos o sistema nervoso parassimpático, efeito simpatolítico. Quando passamos creme e massageamos, deslizando a mão na pele do cliente estimulamos o sistema nervoso simpático, para não estimular o sistema nervoso simpático, precisamos ter a mão na pele do cliente com movimento de empurre e com a resistência da pele do cliente.
- Para potencializar a DLM melhor ficar 1 hora antes e 1 hora depois sem passar nada, nem cosmético e nem eletroterapia.
- Há linhas que defende que:
Variações antifisiológicas da Drenagem linfática manual:
- Não respeitar o sentido do trajeto da linfático
- Não realizar movimentos lentos
- Não utilizar uma pressão suave
- Misturar técnicas de massagem no mesmo dia
- Usar para redução de gordura
Drenar significa remover excesso de líquido. Na DLM as manobras são sempre realizadas no sentido proximal – distal. Proximal é próximo a raiz do membro, na direção do tronco. Distal é afastado da raiz do membro, longe do tronco ou do ponto de inserção.
As manobras induzirão a duas etapas:
- Captação – Aumenta a captação da linfa pelos capilares
- Evacuação – Proporciona o aumento do fluxo linfático em relação aos linfonodos e desobstrução dos mesmos.
Como realizar a DLM:
- Manobras mais usadas: Bracelete, Circulo fixo com os dedos com mãos sobrepostas e circulo fixo com dedos sem as mãos sobrepostas.
- As manobras devem ser repetidas de 3 a 5x por local.
- Desobstruir linfonodos com bombeamento: cervical, supraclavicular, axilar e inguinal.
- Pressão intermitente: Pressão e descompressão, alternando fase com pressão (usando as manobras) e relaxamento.
Drenagem linfática manual cervical ou sistêmica:
Inicia com manipulação nos gânglios profundos cervicais, lateral do pescoço. Em 1995, cirurgião argentino mostrou que se fosse executada 20 minutos de manipulação na cervical, já conseguiríamos um exercício sistêmico. Ou seja, fazer uma DLM no corpo inteiro. De alguns anos para cá a escola Vodder da Áustria mostrou que apenas 10 minutos são suficientes para o estimulo sistêmico. São 60 a 100 movimentos na região. Serve para se a região não puder ser manipulada como em uma cirurgia, por exemplo.
Contraindicações da Drenagem linfática manual:
Absoluta
- Processo inflamatório
- Insuficiência cardíaca descompensada
- Insuficiência renal crônica
- Inflamação aguda provocada por germes patológicos (vírus, bactérias, fungos)
- Trombose, tromboflebite e flebite
- Linfagite aguda
- Hipertireoidismo descompensado
- Febre
- Tuberculose
- Hipotenso, porque a DLM diminui a pressão sanguínea.
Relativa
- Hipertensão controlado
- Hipertireoidismo compensado
- Neoplasia
- Inflamação crônica
- Inflamação aguda referente ao pós operatório
- Marcapasso e problemas cardíacos tratado
- Diabetes
- Lupus
- Asma
- Trobofilia
- Peles lesionadas
Dúvidas Frequentes:
- Quem tem câncer pode fazer DLM?
Drenagem acelera liberação de metabolitos pós quimioterapia, faz a quimioterapia ter uma ação melhor. Drenagem não causa metástase. Câncer pode fazer, com exceção do câncer linfático (linfoma).
- Após a DLM tem que ir logo ao banheiro?
Com a realização da DLM, há diminuição da filtragem renal, porque diminui a frequência cardíaca e pressão, 40 minutos após quando a pressão retorna, retorna o ritmo normal e ai sim vai ter vontade de urinar. Então ir ao banheiro logo após a DLM é mito.
- Quantas vezes fazer DLM em gestante?
1x antes dos 6 meses, 2x até 8 mês e 3x no final da gestação.
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