A técnica conhecida como Jato de Plasma, na estética, também possui outras nomenclaturas, como: Exerese Plasmática; Eletrocarbonização e Eletrofulguração. Para entender sobre o Jato de Plasma, precisamos saber o que é plasma…

O que é plasma?

Temos 5 estados da matéria: sólido, líquido, gasoso e plasma, cada estado com um grau de agregação molecular diferente. O plasma é o 4º estado da matéria, primo do gasoso por estar no estado gasoso também, sendo um gás ionizável (gás com partículas iônicas). Em 1879 o plasma foi chamado de matéria radiante, por brilhar e ter luz. O termo plasma foi utilizado em 1928 por se assemelhar ao plasma sanguíneo.

  • Plasma sanguíneo é constituído de:
    • 90% água
    • 7-9% proteínas
    • 0,1% açúcar
    • 0,03% ureia
    • 0,9% sais

O plasma foi associado ao plasma sanguíneo por possuírem semelhanças e terem vários elementos. Por conta disso, dá para fazer uma analogia entre eles.

 

Características do plasma:

  • Luz visível;
    • O plasma brilha e tem luz.
  • Radiação ultravioleta;
    • A literatura informa que é capaz de provocar os malefícios da radiação ultravioleta.
  • Campo eletromagnético;
    • O plasma dá choque! Ele conduz energia (corrente) elétrica.
  • Radiação térmica;
    • O plasma esquenta, queima, pode lesionar termicamente a pele (e é esse um dos efeitos que queremos com o jato de plasma).
  • Íons e elétrons;
    • É um gás ionizado.
  • Espécies reativas de oxigênio e nitrogênio.
    • A essência dos estudos para saber se o aparelho possui plasma ou não é avaliar a presença de espécies reativas na pluma emitida no equipamento. Se na pluma do equipamento tiver presença de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio é sinal de que é plasma.
    • De acordo com o gás utilizado para fazer o plasma podemos ter mais ou menos algumas espécies reativas.
    • E a grande espécie reativa que está presente em quase todos os tipos de plasma é o ozônio.
  • Plasma é um potente produtor de ozônio;
  • Cor azulado, arroxeado.

 

Aspectos físicos do plasma

Componentes necessários para estimular a formação do plasma artificialmente:

1º ter um elemento gasoso, um Gás!

    • O gás argônio, por exemplo, produz um plasma frio e com muita espécie reativa de oxigênio. Pode ser considerado o gás que mais produz ozônio. Muito utilizado no alta frequência. Mas argônio em excesso é tóxico.
    • O nitrogênio produz um plasma quente, utilizado para queimar ou aquecer a pele.

2º ter o elemento energizante desse gás.

  • Calor/ energia:

Se esquentar um gás com a temperatura muito alta ele vira plasma. Ex.: Uma câmara que superaquece, foi introduzida um gás, o gás argônio e ao superaquecer tem a formação do plasma.

  • Campo elétrico e campo eletromagnético:

Toda vez que uma corrente elétrica passa por um gás, sendo ela com uma alta voltagem, uma alta tensão, o gás são energizados e é transformado em plasma.

A forma mais clássica e comum de fazer plasma é fazendo a corrente elétrica passar pelo gás, energizando-o e formando o plasma. Então um gás ionizado é um plasma.

 

Formação do Plasma:

Em um átomo, no núcleo possui prótons e nêutrons e na periferia os elétrons. Os elétrons da periferia têm carga negativa, os prótons do núcleo têm carga positiva. Quando o número de elétrons é igual ao número de prótons o átomo está em um estado neutro. Mas se o número de elétrons for maior ou de prótons, ele sai do estado neutro para o estado eletrizado e vira um íon. Então íon é um átomo que ganhou ou perdeu elétrons.

O plasma tem um gás que o compõe, quando passa por esse gás uma corrente elétrica de alta tensão, alta voltagem ou superaquece o gás, ocorre uma modificação dos elétrons na orbita dos átomos que compõem o gás do plasma. Esses elétrons começam a se chocar, sair de um átomo e ir para outro, começam a se chocar.  E com isso temos a modificação iônica do gás, fazendo com que o gás se encha de íons. Porque o átomo perde elétrons para um, o outro ganha elétron e com isso tem a formação do plasma. 

A energização ou aquecimento de um gás faz com que um grande número de átomos libere alguns ou todos os seus elétrons gerando íons.

Toda vez que ioniza o gás ocorre a formação de plasma.

 

Onde encontramos o plasma natural: relâmpago

  • Aurora boreal
  • Relâmpago
  • Sol
  • Estrelas

Onde encontramos o plasma artificial:

  • Tubos fluorescentes
  • Televisão
  • Solda
  • Equipamentos médicos
  • Arco elétrico
  • Luz neon

Métodos de produção de plasma nos equipamentos – Jato de Plasma

  • Indireto: Chamado plasma gasoso clássico. Onde o elemento gasoso entra pela estruturado equipamento e dentro passa pelo elemento energizante, na bobina eletromagnética, é energizado, vira plasma e é ejetado. Ou seja, no método indireto o plasma é gerado dentro do equipamento e ejetado pronto, em forma de pluma de plasma.
    • Usado para: dermatite, úlcera, fechamento de feridas, esterilização.
  • Direto: O plasma é formado na superfície da pele, ao aproximar o equipamento na pele tem a formação do plasma, ao afastar o plasma é interrompido. O mais utilizado hoje na estética.
    • Usado para: esterilizar, tratar a pele.

Atualmente no Brasil o plasma direto mais utilizado na estética é o arco elétrico, porém o mais comum é o DBD (descarga de barreira dielétrica*). O DBD é um equipamento que possui 2 eletrodos com alta voltagem e um isolante no meio, caso contrário a voltagem seria prejudicial, lesiva para a pele.

São vários os materiais isolantes: Quartzo, cerâmica, vidro. O mais comum na estética e utilizado é o vidro.

Um dielétrico que a maioria do profissional da estética tem e usa no dia a dia é o alta frequência. É um gerador de alta tensão, dentro tem um gás. O eletrodo de vidro é o isolante, quebra a corrente de alta tensão. Foi inclusive definido como o primeiro equipamento de plasma para tratar. O plasma produzido por ele é um ótimo bactericida.

 

Arco elétrico

Existem materiais que são condutores elétricos excelentes, como a água, o metal. E tem os isolantes que não conduzem ou conduzem muito pouco a eletricidade, como o papel, vidro, borracha, ar. Então por exemplo, se colocarmos 2 eletrodos de corrente excitomotora no ar, a corrente não vai passar de um eletrodo para o outro, porque o ar é um condutor muito ruim.

Arco elétricoAs canetas, que são utilizadas na estética para o procedimento de jato de plasma, tem como base a lei de Paschen*

A lei de Paschen diz que ao utilizar uma corrente de alta tensão ou alta voltagem, tem como fazer com que essa corrente percorra o ar atmosférico. O que podemos visualizar pela Bobina de Tesla*

Então o arco elétrico é quando uma corrente elétrica consegue cruzar o ar, que é isolante até certo nível de energia elétrica, e ionizar o ar atmosférico. Os principais gases atmosféricos que são ionizados são o nitrogênio e o oxigênio, temos cerca de 78% de nitrogênio, 20% de oxigênio e 1% de argônio.  A partir dessa ionização tem a formação do plasma.

 

Como funciona a caneta de Jato de Plasma?

A caneta chinesa, por exemplo, possui uma bateria com 3,7  a 9 volts. Na ponta dessa caneta tem uma bobina que armazena energia elétrica, ao utilizar o aparelho a energia armazenada na bobina é liberada e forma o arco elétrico. Apesar desses equipamentos produzirem plasma, ele não dura muito. Nesse caso, os efeitos se dão pela carbonização promovida na pele. 

Cuidado com os equipamentos que não tem registro na ANVISA, eles não devem ser utilizados.

 

Possuímos em nosso mercado, equipamentos com ANVISA que produzem plasma mesmo e outros que são arco elétrico. Vale lembrar que o arco elétrico, promove efeitos de estimulo de colágeno, assim como o plasma, mas outros benefícios, que se aplicam ao plasma, não podem ser aplicados aos equipamentos de arco elétrico.

 

Aspecto do Jato de Plasma:

  • Filamentar – Tipo um filamento de lâmpada. Produzidos pelos aparelhos de arco elétrico.
  • Difuso – Possui vários microfilamentos, gera uma nuvem de plasma, uma pluma. Equipamentos de plasma indireto.

Temperatura do Jato de Plasma:

  • Quente – Elétrons transferem mais energia para os íons/nêutrons, deixando o gás na mesma temperatura. Esse tipo de plasma pode cortar, danificar e é muito comum em cirurgia.
  • Frio – Resfriamento de íons/nêutrons é maior que o recebimento de energia pelos elétrons. Plasma em desequilíbrio. 
  • Translacional – Não é quente a ponto de gerar danos e nem frio a ponto de não ter efeito nenhum. Ele aumenta a temperatura, mas não a ponto de queimar, indicado para regeneração plasmática da pele. Ex.: Plasma de nitrogênio indireto, chamado de Neogen plasma.

 

Efeitos biológicos promovidos pelo plasma:

  • Reações de espécies reativas de gases
    • Principal: Ozônio.
    • Por isso os efeitos:
      • Antibacterianos
      • Coagulação do sangue
      • Estimulação da cicatrização de feridas
  • Modulação da barreira epidérmica
    • Aumento temporário da permeabilidade celular
  • Estimula proliferação celular no reparo tecidual
  • Estimula microcirculação

Efeitos terapêuticos do Jato de Plasma:

  • Bactericida
    • Inativação de bactérias causada pelas espécies reativas, radicais livres, fótons de UV e dano aos DNA e membrana celular.
  • Reparo tecidual
    • Alteração do pH para ácido com o DBD, acelerou o processo de cicatrização de feridas crônicas, por inibir o crescimento das bactérias. Há também liberação de Interleucinas 6 e 8, fatores de crescimento (TGF beta 1 e 2) em queratinócitos e fibroblastos, induzindo a produção de colágeno.
  • Anti-inflamatório
    • Ativação de células de defesa, como macrófagos, leucócitos e neutrófilos. E o plasma ativa as β-defensinas, que são antimicrobianos) que afastam patógenos microbianos, como fungos, bactérias e toxinas.
  • Coagulação do sangue
    • Ativa proteínas do sangue que promovem coagulação.
  • Quimioterapia plasmática
  • Aumento da hidrofilicidade
    • Capacidade de molhabilidade.
  • Regeneração Plasmática da pele (PSR)

 

♥ PSR – Regeneração Plasmática da Pele

Na estética, o Jato de Plasma é mais utilizado para realização dessa técnica. Ela consiste em lesionar a epiderme e aquecer a derme. A ideia original da técnica, tudo isso era promovido pelo plasma, não envolvia a carbonização com arco elétrico, então muitas vezes no começo da técnica, a epiderme nem era lesionada. Existe 3 protocolos para essa técnica:

  • PSR1: Epiderme é mantida, a lesão ocorre ao longo dos dias.
  • PSR2: Lesão epidérmica 2 dias após o procedimento, recuperação com 30 dias, lesão mais contundente.
  • PSR3: Lesão muito maior na epiderme.

Nessa técnica, os profissionais da estética, não pode permitir que ocorra queimadura na derme. A intenção é lesionar a epiderme e manter a derme sem lesão. Se houver lesão na derme, há risco de queimadura, cicatriz inestética, infecção.

Atualmente o PSR pode ser feita com equipamentos de arco elétrico.

Objetivos: Aquecer ou destruir o tecido pela desidratação, ruptura o carbonização das células. Promovendo uma queimadura superficial e controlada, que induzirá um efeito térmico em vários pontos da pele, que seria a eletrocarbonização. Resultado disso ocorrerá um lifting devido a produção do colágeno, contração da pele e melhora da elasticidade. 

 

Diferença entre a lesão promovida pelo Plasma e pelo Arco elétrico:

PlasmaArco elétrico
Menos edemaMais edema
Sensação de pinicadoSensação de ardor
Lesão esbranquiçadaLesão escurecida
Lesão mais controlada, seguraMaior risco de lesão

 

Técnicas de aplicação:

  • Puntual: Aproxima e retira equipamento da pele, fazendo pontos de carbonização. Técnica mais segura.
    • Instantânea – Permanência do equipamento é mínima.
    • Prolongada – Equipamento fica mais tempo na pele.
  • Varredura: Movimentar o equipamento a uma certa distância da pele, mantendo a velocidade. Normalmente utilizada para remoção de tatuagem, micropigmentação.
  • Curetagem: Quando há remoção do tecido carbonizado. É feita com gaze ou algodão, embebido em uma solução antisséptica, como mertiolate. O antisséptico, tem que ser sem álcool, não inflamável, pois se usar um com álcool e aplicar o arco elétrico pega fogo.

Cuidados pós procedimento – Jato de Plasma e Arco Elétrico:

  • Antisséptico
    • Usar nos 3 primeiros dias, 3x ao dia.
  • Calmante
    • Usar nos 3 primeiros dias, 3x ao dia.
  • Cicatrizante
    • Usar nos 3 primeiros dias.
  • Regenerador
    • Usar a partir do 4º dia.
  • Protetor solar físico
    • Aplicar após o calmante, por cima mesmo.

Indicações gerais do plasma:

  • Câncer
  • Tratamento de feridas
  • Dermatites

Indicações estéticas do Jato de Plasma e Arco elétrico: 

  • Rejuvenescimento
    • Rugas
    • Flacidez de pele
    • Blefaroplastia
  • Queratose, acrocórdons, plicomas Acrocordons
    • Cuidado, pois é importante um diagnóstico preciso, se não souber identificar encaminha para o médico e não faz nada.
  • Pigmento exógeno
    • Tatuagem
    • Micropigmentação
  • Hiperpigmentação
    • Melanose senis
    • Efélides
      • Não fazer em melasma e hipercromia pós inflamatória.
  • Cicatriz atrófica de acne
  • Flacidez tissular

Contraindicações Jato de Plasma:

  • Infecção
  • Carcinoma basocelular
  • Doenças autoimune
  • Queloide
  • Gestante
  • Herpes no local
  • Roacutan
  • Fototipo 5 e 6
    • Avaliar o fototipo 4
  • Diabéticos
  • Síndrome de Crush
  • Alergia ao anestésico

 

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Legenda:

Dielétrica -Isolante. Retornar

Lei de Paschen –  É uma equação que fornece a tensão de ruptura, ou seja, a tensão necessária para iniciar uma descarga ou arco elétrico, entre dois eletrodos de um gás em função da pressão e do comprimento do espaço. É nomeado após Friedrich Paschen, que a descobriu empiricamente em 1889. Retornar

Bobina de Tesla – A bobina de Tesla é um transformador capaz de gerar uma tensão altíssima, inventado por Nikola Tesla por volta de 1890. A bobina nos mostra que a alta tensão em alta frequência pode gerar um campo elétrico alto o suficiente para ionizar o ar (30 kV/cm), e uma vez que a ionização se inicie, ela se propaga na forma de faíscas elétricas (se existir algum condutor próximo). Formando o arco elétrico. Retornar 

 

Nath

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