Eletrolipólise, também chamada de eletrolipoforese, caracteriza-se pela aplicação de uma corrente especifica de baixa frequência (25Hz) que atua diretamente a nível dos adipócitos e dos lipídios acumulados produzindo lipólise e auxiliando na sua eliminação.

Inicialmente, a eletrolipólise era aplicada por meio de eletrodos em forma de agulha bem finas, sendo implantadas diretamente no tecido adiposo. Atualmente temos a aplicação da eletrolipólise por meio de placas transcutâneas, mas com poucos estudos embasando sua eficácia. 

É uma técnica destinada ao tratamento da adiposidade localizada. Apesar de muitos profissionais atribuírem seu uso ao FEG (fibro edema gelóide) não tem comprovação científica.

A eletrolipólise pode ser realiza com uma corrente contínua ou alternada. Porém a corrente contínua promove mais risco, pois o polo positivo atrai o oxigênio e oxida a agulha, quebrando a agulha. Para tentar evitar isso use o modo de inversão de polaridade e ajuste a intensidade até no máximo 905 microamperes. Caso contrário a agulha pode agarrar na pele e quebrar lá dentro, por esse motivo a corrente alternada é mais segura.

O TENS é uma corrente alternada e pode ser utilizada para realizar eletrolipólise, coloque a frequência em 25Hz, assim conseguirá promover lipólise e melhorar a circulação. 

 

Efeitos da eletrolipólise:

A aplicação da corrente de baixa intensidade cria um campo elétrico promovendo uma modificação no meio intersticial, o que vai favorecer as trocas metabólicas e a lipólise. 

  • Neuro-hormonal:
    • O sistema simpático estimula a lipólise e o parassimpático diminui. A corrente da eletrolipólise produz uma estimulação artificial do sistema nervosos simpático, como consequência ocorre a liberação de catecolaminas com aumento do AMPc intradipocitário e aumento da hidrólise dos triglicerídeos. 
  • Joule:
    • Ao circular por um condutor, a corrente elétrica produz calor. O aumento da temperatura promoverá uma vasodilatação com aumento de fluxo sanguíneo local, estimulo do metabolismo celular local, queima de calorias e melhora do trofismo celular. Esse aumento de temperatura não atinge tecidos orgânicos, porque a corrente possui uma intensidade baixa. 
  • Estímulo circulatório:
    • A microestimulação elétrica ativa as fibras do tecido conjuntivo subcutâneo, favorecendo a drenagem linfática e sanguínea. Além disso, o efeito Joule, que promove aumento da temperatura e vasodilatação favorece o efeito circulatório.
  • Eletrolítico:
    • O campo elétrico gerado pela corrente da eletrolipólise, induz o movimento iônico promovendo modificação na polaridade da membrana celular. Como a célula tende a manter seu potencial elétrico, isso leva ao consumo de energia a nível celular.

 

Como a eletrolipólise funciona?

O profissional introduz a agulha no tecido gorduroso, ou o eletrodo na pele, e a corrente elétrica vai estimular as correntes nervosas simpáticas e induzir a lipólise. Então a corrente irá ‘enganar’ o sistema nervoso simpático.

Ao realizar atividade física o corpo utiliza o glicogênio muscular como energia, depois de um tempo (depende da fisiologia) o glicogênio diminui de forma considerável e quando isso ocorre, o SNA Simpático é avisado e desencadeia a lipólise, para gerar energia. Vale lembrar que se ocorrer a lipólise, quebra da gordura, a cliente precisará gastar essa energia, caso contrário sofrerá novo depósito. Então para ter resultado o organismo deverá estar em demanda energética. Não precisa malhar logo após o procedimento, mas a cliente deverá estar em demanda energética, ou seja, precisa diariamente estar consumindo menos que gastando.

 

Parâmetros da eletrolipoforese:   

Os eletrodos de agulha são de acupuntura com 0,25mm a 0,3mm de diâmetro e o comprimento pode variar de 1cm a 15cm, podem ser de aço inoxidável ou de prata. Emborra haja uma diversidade de comprimentos de agulha que podem ser utilizados, com as agulhas maiores, a partir de 7cm, é possível estimular uma área maior com menos eletrodos. Segundo Parienti, as agulhas mais grossas, de 0,3mm, apresentam efeito melhor. Para a corrente contínua dê preferência a agulha de prata, pelo relato discutido anteriormente.

A frequência oscila entre 5Hz a 500Hz, na prática clínica a eficácia maior é percebida com 25Hz. Caso o aparelho não possua esse parâmetro 30Hz também pode ser utilizado.

Quanto a intensidade há divergência na literatura e varia de 2mA até 40mA (miliamperes), e há quem defenda que a intensidade deve ser abaixo de 1mA. Outros autores defendem que a intensidade deve ser aumentada conforme limiar do paciente, até atingir o pico máximo não doloroso. E quando houver acomodação, a intensidade deve ser aumentada. Tudo isso para a corrente alternada, na corrente continua a faixa deve ser de microampere. 

Uma atenção especial a intensidade da corrente contínua (galvânica), pois pode ocorrer a quebra da agulha dentro do tecido adiposo e sendo necessária intervenção cirúrgica. Para evitar isso, use agulhas de prata, modo de inversão de polaridade automática (se tiver disponível no seu equipamento) e a dose máxima da intensidade deve ser 900microamperes.

 

Indicações:

  • Gordura localizada
  • Fibro edema gelóide
  • Pós lipoaspiração
    • Nas complicações de “placas onduladas” após a lipoaspiração
  • Sequelas de abdominoplastia

 

Contraindicações:

  • Pacientes com alteração do ritmo cardíaco
  • Insuficiência cardíaca
  • Portadores de marca-passo
  • Cardiopatias congestivas
  • Gravidez
  • Trombose venosa profunda
  • Estado venoso catastrófico
  • Neoplasias
  • Insuficiência renal
  • Pacientes que utilizam medicamentos como: corticoides e anticoagulantes
  • Dermatites
  • Dermatoses
  • Feridas
  • Inflamações
  • Eczemas

Técnica de aplicação:

Coloque o paciente em uma posição confortável, com a área a ser tratada exposta e desinfetada. É nesse local que serão introduzidos pares de agulhas ou eletrodos de silicone de forma paralela no tecido adiposo, fazendo com que a área tratada fique entre as agulhas. Posicione os eletrodos cobrindo toda a área, a distância máxima entre os eletrodos deve ser de 10cm, para não ter dispersão da corrente e os efeitos diminuídos.

Na técnica vertical, posicione a agulha a 90º no tecido adiposo. Nessa técnica é utilizada agulhas com comprimentos menores.

Na técnica horizontal, para introdução da agulha, pode ser utilizado um tubo guia, normalmente esse tubo é fornecido com as agulhas de acupuntura. Pressione o tubo guia na pele, e dê um golpe rápido no todo da agulha, inserindo a agulha de forma perpendicular a pele. A partir daí faça uma prega na pele e no tecido adiposo, incline a agulha na direção do tecido adiposo e deslize a agulha, introduzindo-a horizontalmente. Assim terá uma interação maior da corrente com a área tratada.

Não temos, até o momento, estudos comparando a técnica vertical com a horizontal.

Após posicionamento da agulha, conecta-se o eletrodo jacaré nos pares de agulhas correspondentes à área que se deseja tratar, de acordo com o canal de saída de corrente. Uma dica é fixar os eletrodos com esparadrapo, próximo às agulhas para não ter incomodo após sua colocação.

A duração do procedimento é considerada longa, deve ser realizada em um tempo mínimo de 40 minutos, sendo o ideal de 50 a 60 minutos. Não é recomendado a realização do procedimento em menos de 40 minutos, em estudos foi percebido que a aplicação da eletrolipólise por 30 minutos não houve alterações na urina, simbolizando que com esse tempo pode não haver uma ação significativa.

Para um resultado aparente, deve ser feita no mínimo de 6 sessões e o ideal de 10 sessões. Os efeitos da eletrolipólise se prolongam durante as semanas seguintes, por isso aguarde uns 45 dias após o tratamento para avaliar os resultados.

Atenção: A agulha deve ser de boa qualidade, estéreis, mantenha assepsia do local.

Protocolo de aplicação da eletrolipólise:

Corrente Alternada 

  • Frequência: 25Hz
  • Tempo: 50 a 60min 
  • Intensidade: Máxima tolerada pelo cliente
  • Sessão por semana: 1 a 2 sessões

Corrente Contínua

  • Frequência: 25Hz
  • Tempo: 50 a 60min 
  • Intensidade: Máxima 900microamperes
  • Sessão por semana: 1 a 2 sessões

TENS

  • Modo: Normal
  • Tempo/ largura de pulso: 300microsegundos
  • Frequência: 25Hz
  • Tempo: 60 minutos
  • Intensidade: Máxima tolerada
  • Sessão por semana: 1 a 2 sessões

Complicações:

  • Hematomas
  • Eritema e equimoses
  • Pontos necróticos
  • Dor no momento da aplicação
  • Sangramento
  • Contrações musculares durante a sessão

Normalmente as complicações ou efeitos secundários estão relacionados a realização inadequada da técnica.

Possíveis associações:

  • Corrente excitomotora
  • Drenagem linfática
  • Carboxiterapia
  • Ultrassom
  • Massagens
  • Cosméticos 

Informações importantes:

Se houver aparecimento de dor ao introduzir a agulha, significa que ela está mal posicionada. Ao entrar em contato com a aponeurose da pele, estrutura ricamente inervada, ao atingir vasos e nervos há dor, nesse caso remova a agulha e introduza novamente.

Durante o procedimento, o cliente pode relatar mudança no aspecto da urina, que pode apresentar-se com traços de gordura, representada por uma mancha oleosa superficial, de aspecto espelhado. A urina pode aparecer fétida, turva e pode ocorrer aumento de micção.

As fezes pode também apresentar mudanças, ficam mais pastosas e gordurosas, pode ocorrer desarranjo intestinal, flatulência.

De forma sistêmica, não foi verificado alterações séricas do perfil lipídico (colesterol total, HDL-C, LDL-C e triglicerídeos) e nem verificaram alteração no grau de deposição de gordura no fígado.

 

Erros que podem interferir no resultado:

  • Agulhas introduzidas de forma não paralela ou muito superficial
  • Aplicação menor que 40 minutos
  • Pouca intensidade da corrente
  • Alimentação desequilibrada e não realização de atividade física 

 

 

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Quem é Nath Souza?

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