A carboxiterapia caracteriza-se pelo uso terapêutico do gás carbônico medicinal, com 99,9% de pureza, administrado de forma cutânea e subcutânea, tendo como objetivo produzir vasodilatação periférica e melhora da oxigenação tecidual, além de produção de colágeno, lipólise e diminuição do tecido adiposo.
É importante falar que nessa técnica não deve utilizar qualquer gás carbônico, apenas o CO2 medicinal, caso não o utilize pode resultar em necrose tecidual.
Alguns profissionais também aplicam a carboxiterapia na musculatura, para aumentar a vascularização. Pode ser aplicado no tendão para o mesmo objetivo, mas dói muito, por aumentar a pressão.
Informações para a aplicação da carboxiterapia:
- Volume é a quantidade de gás que será injetado no organismo, por ml.
- Tempo é a duração da injeção do gás.
- Fluxo é a velocidade de entrada de gás no organismo, em ml/min.
Importância do fluxo para realização da técnica:
Antigamente os aparelhos tinham fluxo menor, então o fluxo máximo era baixo, hoje em dia já tem fluxo maior.
Quanto maior o fluxo, mais rápido o gás entra e mais agressivo o gás é.
Para adiposidade é bom utilizar um fluxo maior.
O fluxo mais baixo deixa o procedimento mais confortável, fluxo mais alto dói mais.
Tem equipamentos que o fluxo máximo chega a 150, outros chegam a 300, um fluxo de pelo menos 200 é o ideal.
Entendendo sobre os aparelhos de carboxiterapia:
Existe os aparelhos de primeira geração e o de segunda geração.
Os aparelhos de primeira geração possuem o controle de fluxo com aspecto mecânico, só que isso faz com que o fluxo oscile muito por causa da resistência. Um fator positivo é que a maioria dos estudos científicos, até hoje, são mais com os aparelhos de primeira geração.
Já os aparelhos de segunda geração o fluxo é automático, isso faz com que o gás dure mais, não oscile o fluxo.
Os equipamentos possuem:
- Cilindro de aço ou alumínio, o alumínio é mais leve.
- Regulador de pressão
- Quanto maior a pressão, mais gás tem no cilindro.
- Equipo
- É descartável, porém a maioria das pessoas só trocam a agulha.
- Agulha de insulina
- 30G 1/2 são mais finas, usadas no rosto.
- 26G 1/2 são mais grossas, usadas no corpo. Se usar no rosto dói mais.
Sobre o Gás Carbônico CO2:
O gás carbônico não é inflamável, está presente na fisiologia respiratória. Em situação de repouso nosso corpo produz em média 200ml/min de CO2, aumentando em 10x quando realizamos atividade física.
Em 2009 foi estabelecido que o máximo a ser injetado por sessão era 2L de gás carbônico. O gás metabólico (CO2) já possui no nosso corpo, o volume injetado durante o procedimento estão abaixo do volume produzido no corpo em atividade física, isso se falarmos no volume de 2L, normalmente é aplicado bem menos.
Funcionamento da carboxiterapia:
A carboxi é um recurso muito circulatório e irá atuar na microcirculação.
Quando o sangue rico em O2 sai do pulmão ele vai para as artérias, em seguida arteríolas, capilares e tecidos. O sangue rico em CO2 por sua vez, vai para os capilares, vênulas, veias e chega ao pulmão. Na carboxiterapia, precisamos focar nas redes capilares, estrutura arterial antes dos capilares.
⇒ Antes de continuar, uma pausa para falar sobre esfigmicidade e o aumento do fluxo hemático tissular local:
Esfigmicidade é a capacidade de dilatar e contrair as arteríolas e metarteríolas, favorecendo assim a microcirculação, por aumentar o fluxo hemático tissular local (FHTL).
Na rede de capilares tem a esfigmicidade, as arteríolas e metarteríolas, dependendo da necessidade do corpo naquele local (ação local) pode aumentar sua contratividade. Então se ocorrer a necessidade de mais sangue, por algum motivo, na rede da arteríola e metarteríola, ou seja na microcirculação, ocorrerá o aumento da esfigmicidade, elas vão começar a se contrair mais, para suprir a necessidade local de sangue rico em oxigênio.
O Sistema Nervoso Autônomo Simpático controla a circulação sanguínea, músculos dos vasos, e o Sistema Nervoso Autônomo Parassimpático controla a função cardíaca. O SNA simpático, controla o músculo liso dos grandes vasos, e atua em todo sistema arterial e venoso controlando o fluxo da circulação sanguínea, exceto na microcirculação, pois outros fatores vão controlar a microcirculação.
Algumas substâncias podem aumentar a esfigmicidade a curto prazo, são elas: Gás Carbônico, Ácido Lático, Compostos de Adenosina, Fosfato, Histamina, Íons de Potássio, Íons de Hidrogênio.
E outras substâncias podem aumentar a esfigmicidade a longo prazo, como: Fatores de crescimento das células endoteliais, Fator de Crescimento Fibroblástico, Angiotensina. Então todo procedimento que aumenta a angiogênese, como microagulhamento, carboxiterapia, aumenta o FHTL.
Retomando… Toda vez que há o aumento da quantidade de CO2 em determinado local, ocorre um desequilíbrio da quantidade de gás local e o corpo para equilibrar aumenta a contratilidade da arteríola e metarteríola para jogar mais sangue com Oxigênio naquele local e equilibrar a quantidade de gases, Oxigênio e Gás Carbônico. Então é isso que ocorre com a realização da carboxiterapia, quando injetamos CO2 no tecido, enchemos o local com sangue rico em O2. E temos o aumento da esfigmicidade e FHTL a curto e longo prazo.
Ao injetar o CO2 ocorre uma expansão local, essa expansão gera um trauma e um processo inflamatório, além do trauma por conta da expansão, que é o que dói (o que gera dor do procedimento é a ação mecânica do gás), a agulha gera um trauma mecânico, que contribui também com o processo inflamatório, liberação de fatores de crescimento endotelial e angiogênese.
Efeitos da carboxiterapia:
- Estimulo circulatório
- Esfigmicidade
- Gera hiperemia
- Vasodilatação
- A expansão com a entrada do gás, gera um trauma que libera histamina que provoca a vasodilatação
- Aumento da temperatura
- Pode aumentar até 4º, porque o sangue é quente
- Esfigmicidade
- Potencializa o Efeito Bohr
- Hiperoxigenação tecidual
Pausa para explicar o efeito Bohr: No sangue é a Oxiemoglobina que transporta o Oxigênio. Só que a Oxiemoglobina tem muita afinidade pelo Gás Carbônico, por isso ela carrega o O2, mas toda vez que se depara com o CO2 ela larga o O2 e se liga ao CO2. Levando embora o CO2.
Na carboxiterapia, ao injetar CO2 ocorre um aumento e desequilíbrio de gás, isso faz com que o organismo responda rapidamente levando a um aumento da esfigmicidade (mecanismos visto acima) e com isso maior aporte de O2. Como o Oxigênio vem junto com a Oxiemoglobina, assim que chegar no local, a Oxiemoglobina vai ‘soltar’ o O2 e se ligar ao CO2 local, levando ele embora e deixando todo Oxigênio no local. Isso faz com que o tecido fique rico em O2.
- Neoangiogênese
- Estimulo das células totipotentes, como: Fibroblastos, Elastoblastos e Angioblastos
- Levando a formação de novos vasos sanguíneos, linfáticos fibras colágenas e elásticas.
- Estimulo das células totipotentes, como: Fibroblastos, Elastoblastos e Angioblastos
- Ação do CO2 no Sistema Nervoso Simpático
- Ação Mecânica
- Quando o gás entra, ele faz uma pressão na parede do vaso. Essa pressão, nos vasos mais calibrosos, causa uma vasodilatação reflexa e isso contribui também para o aumento de sangue.
- Ação Mecânica
- Ação Bioquímica
- A pressão local promovida pela entrada do CO2 ativa barorreceptores e substâncias alógenas, como: Bradicinina, Catecolaminas, Histaminas e Serotonina.
- Essas substâncias atuam como receptores Beta-Adrenérgicos ativando a Adenilciclase e promovendo aumento do AMPc tissular e consequentemente quebra dos Triglicerídeos.
- A presença de CO2 diminui o pH local
- Aumentando a atividade vasomotora, níveis de vasos locais, aumento VEGF e aumento do fluxo sanguíneo.
- A pressão local promovida pela entrada do CO2 ativa barorreceptores e substâncias alógenas, como: Bradicinina, Catecolaminas, Histaminas e Serotonina.
Tratando Gordura com Carboxiterapia:
Chamada também de Carbolipólise, o tratamento da gordura localizada com a carboxiterapia se baseia em 2 efeitos:
- Causar ruptura mecânica da membrana do adipócito pela passagem do gás Carbônico.
- Promove microcavitação.
- Quando o gás entra ele bate na membrana do adipócito e a rompe, porém esse efeito só ocorre com fluxo alto. Quanto maior o fluxo, maior o trauma. Mas cuidado com o fluxo alto… No olho gera trauma intenso e em estrias dói muito.
- Ativação adenilciclase.
- Gera aumento de AMPc e lipólise.
Estudos em tecido adiposo de ratos, mostraram que a carbolipólise liberou VEGF, aumentou a termogênese e reduziu a lipogênese. Houve estimulo de lipólise e diminuição do tamanho dos adipócitos.
Em 2009, surgiu relato do uso do CO2 com soro fisiológico, antes da carboxiterapia. O encontro do CO2 com o soro causa uma reação química que aumenta a acidez ativando lipoproteínas lipases que vão degradar a gordura. Porém, precisa de mais estudos e o soro utilizado não é qualquer um, não é o soro vendido em farmácias de uso tópico.
Carboxiterapia no tratamento da Pele:
O trauma pela agulha e gás ao entrar, gera um processo inflamatório que dura de 24 a 36horas, consequentemente síntese de colágeno, elastina e vasos sanguíneos. Sendo um procedimento indicado para tratar flacidez, estria e rugas.
Técnicas de aplicação:
É importante que o cliente fique em uma posição confortável, com área a ser tratada exposta e devidamente higienizada. Realize assepsia com álcool 70% ou clorexidina a 5%. Não se esqueça de marcar a região com lápis ou caneta demográfica com o paciente em pé.
As literaturas mostram, um volume de 600ml a 3.000ml (3L), mas o consenso diz para utilizar no máximo 2.000ml (2L) por sessão.
Com relação ao fluxo: 80 a 100ml/min – atende a maioria das disfunções, o paciente suporta mais, mas é menos eficiente para tratar gordura. 150 a 200ml/min – é bom para FEG e adiposidade, mas nem todo mundo suporta, principalmente no FEG, pois o tecido é mais sensível.
É importante esvaziar todo ar existente dentro do equipo para retirar o O2 atmosférico (que é embólico), então esvazie 130 a 180ml. Ao ligar o equipamento, o manipulo estará com Oxigênio, e o O2 não se difunde muito rápido no corpo, por isso deve-se esvaziar o sistema. Caso não realize o esvaziamento e fique Oxigênio no manipulo, se aplicar a carboxiterapia no olho, por exemplo, o primeiro olho se enche de O2 e o local não desincha, a pressão por muito tempo pressiona vasos, pode gerar neuropraxia e paralisa. Por isso, se injetar erradamente O2 deve-se fazer massagem para espalhar o Oxigênio e diminuir a pressão sobre o nervo e ajudar a difundir o Oxigênio.
Planos de aplicação:
- Plano Mesoepidérmico/ Superficial/ Mesocarboxi
- Aplicação nas imediações da epiderme e derme papilar.
- Para essa aplicação deita a agulha na pele e só o bisel é introduzido. Bisel é a parte cortada da agulha, por onde o gás vai sair, e é voltado para cima. A agulha fica em um ângulo de 45º, pode estar paralela a pele.
- Objetivo: Produção e remodelação do colágeno superficial.
- Indicação: Estrias, revitalização facial, alopecia, sequela de queimados.
- Nessa aplicação há eritema intenso, por ser uma aplicação mais superficial e ocorrer maior vasodilatação.
- Plano Dérmico/ Dérmico profundo/ Dérmico médio/ Plano de deslocamento
- Aplicação na junção dermo-hipodérmica. Para essa aplicação a agulha é introduzida mais profundamente numa angulação de 20º a 25º, para isso introduza metade da agulha. A agulha atinge a derme de forma precisa, o eritema não é tão acentuado e neste plano ocorre um enfisema subcutâneo (deslocamento da pele). Assim que houve o abaulamento da pele, remove a agulha.
- Objetivo: Formação de novo colágeno profundo e retração da pele.
- Indicação: Rugas, flacidez, revitalização e estrias.
- Plano Hipodérmico/ Subcutâneo/ Clássico/ Profundo
- Aplicação no tecido adiposo. Para essa aplicação introduza a agulha toda, com inclinação de 30º a 90º. Nessa técnica há abaulamento da pele ao redor da agulha, só que a hiperemia é menos visível e menos expressiva.
- Hipodérmico superficial ou Celucarboxi
- Usado para tratar Fibro Edema Gelóide. Introdução da agulha na camada superficial, tecido celulítico. Agulha a 30º e pode introduzir completamente.
- Objetivo: Atingir o tecido celulítico.
- Indicação: Fibro edema gelóide.
- Hipodérmico profundo ou Plano da gordura
- Usado para adiposidade. Agulha a 45º ou 90º e deve ser introduzida completamente.
- Objetivo: Atingir grande reservatórios de gordura, para promover lise da membrana do adipócito e lipólise.
Indicação da carboxiterapia:
- Gordura localizada
- FEG
- Flacidez de pele
- Olheiras
- Rugas
- Pré e pós operatório
- Sequela de queimados
Contraindicações da carboxiterapia:
- Infarto agudo miocárdio
- Angina instável
- Insuficiência cardíaca
- Epilepsia
- Gravidez
- Distúrbios psiquiátricos
- Asma
- Brônquica
- Rinite
- Dermatite atópica
- Conjuntivite alérgica
- Alergia local
- Prurido
- Urticárias
- Lúpus
- Acne inflamada
- Herpes simples
- Neoplasia local
Possíveis associações:
- Vacuoterapia
- Eletrolipólise
- Drenagem linfática manual
- Ultrassom
- Radiofrequência
- Microagulhamento
- Cosmetologia
Quebrando alguns mitos sobre a carboxi:
- Não eleva pressão arterial.
- Pois sua ação é local e não sistêmica. Porém a pressão arterial pode aumentar por causa de fatores psicológicos: medo de agulha, medo da dor, dor… Mas não pela introdução do gás em si.
- Não causa embolia.
- O CO2 não é embólico e na quantidade aplicada muito menos. O gás Carbônico se difunde muito rápido, então até se a agulha atingir um vaso não terá problema. Existe apenas 1 artigo que mostra um exame de laparoscopia, onde foi injetado 20L de CO2 e houve embolia. Vale lembrar que o Oxigênio é embólico e o gás Carbônico não é.
- Não causa efeitos colaterais sistêmicos.
- Há hipercarpnia (aumento parcial de pressão) local.
- Não há restrição quanto a idade.
- Pode usar em qualquer área do corpo.
- Procedimento de fácil aplicação e com bons resultados.
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